sexta-feira, maio 30, 2008

Arequipa, Arequipa. Sale a Areqipa (ou "De olhos fechados pra vida real")

Cidade cinzenta. Cheiro azedo. Sol quente. Ar frio, frio e seco, o que fazia a poeira se diluir no vazio para pousar nas vias respiratórias dos dos transeuntes. Não dava para chamar aquilo de terminal rodoviário. Havia ônibus, mas era somente isso. As lojinhas de cada empresa se acumulavam naquele ponto da cidade sem ter nenhum motivo aparente para isso. Talvez estivessemos próximos da estrada, mas o nosso nervosismo daquele momento não nos permitia prestar atenção nesses detalhes sem importância. O que era importante naquela hora eram nossas malas e o motorista de taxi. Não dava mais pra confiar em ninguém. Já haviamos sido engabelados por demais. Aliás, engabelar era uma das palavras mais repetidas por nós no fim da viagem. O motorista parecia honesto. Estava procurando apenas nos ajudar. Suas expressões faciais nos permitiu fazer uma leitura simples: queria achar um ônibus confortável e seguro para aqueles dois estrangeiros, e queria evitar ser engabelado também. Mas como eu disse, parecia. E nós não queriamos ter que descobrir que ele não o era, portanto olhos abertos e ombros tensos. Inevitável.

"Arequipa, Arequipa. Sale a Arequipa!". Não. Nós não tinhamos cara de que queríamos ir até Arequipa. A verdade é que provavelmente a única cidade próxima que justificaria a utilização de um ônibus de grande porte era Arequipa, e por isso todos os "representantes comerciais" daqueles "conglomerados de transporte" não paravam de gritar isso o tempo todo, como que querendo atraír as moscas para suas teias. Aos outros destinos se chegava com as temerárias vans. O ônibus veio chegando e, para nosso alívio, não combinava com a simplicidade das "agências", entre aspas porque não me sinto confortável para chamá-las de agências. O ônibus, dois andares e suspensão a ar, era de fabricação brasileira. Tudo naquele lugar era importado. Tudo. Exceto a profusão de barraquinhas de vendedores de rua que tinham que ser apressadamente retiradas da frente do veículo quando esse roncava o motor pedindo para penetrar nas entranhas da cidade pobre. Os ambulantes entravam e saíam do ônibus tentando vender todo tipo de iguarias: de remédios à pratos de comida típica para ser comida com as mãos.

Mas lentamente tudo isso foi sendo deixado pra trás. Fumaça de óleo diesel jogada no ar e o ônibus contornando prudente e lentamente as curvas finas que serpenteavam o deserto. 160 Km percorridos em quase 5 horas. Nem tudo foi tão tranquilo: na terceira e última parada em barreiras policiais encontraram pó branco em três casacos que um comerciante tentava atravessar desapercebidamente para a cidade grande. Briga, gritos, choro e 40 minutos com o ônibus parado.

Ao chegar em Arequipa pudemos ver que a natureza não precisa do homem. Os subúrbios de uma cidade grande em um país mais pobre que o nosso não são, obviamente, melhores que os nossos. A pobreza era intensa. O deserto, com sua imponência silenciosa fez falta. As casas de tijolo aparente com ferragens expostas repentinamente povoaram densamente a paísagem e me remeteram à realidade da nossa América Latina. Infelizmente. O terminal, dessa vez um de verdade, até que era bem arrumado. Dez a zero na rodoviária Novo Rio, o que não chega a ser algum mérito, mas dadas as circunstâncias... O banheiro que era bizarro: Misto, mas com mictório do lado da pia, ou seja, privacidade zero. E o cheiro era indiscritível. Prefiro esquecer.

Mas no fim das contas essa injeção de realidade me fez muito bem. Olhar com olhos realistas é importante, pelo menos para mim. Participar é melhor ainda. Me tirou um pouco da culpa de estar apenas visitando a pobreza da janelinha do ônibus de turismo, de estar tendo a miséria como atração, tornando-se apenas mais uma constatação.

sábado, maio 17, 2008

Apenas uma vez

Poderia dizer que os musicais não são meu gênero favorito se fosse politicamente correto. Mas não estou fazendo tanta questão de ser bonzinho não. Detesto musicais. Detesto com todas as forças mesmo. Mas os musicais no estilo documentários, que tratam de música geralmente me satisfazem. Foi assim com Quase famosos, com Buenavista e com outros que não me lembro agora. (Pois é. Quando estou com sono minha memória, que já é pouca, se evapora.) Engraçado. Acho que a minha queda por música é realmente forte. Mais forte que meu ódio escorpiano. (Meio radical, não? Pois é, escorpião.) Mas deixando os insetos de lado e voltando ao cinema, não me pareceu que o filme fale somente de música, mas também de sonhos e realidade. É mais um exemplo de que a dor inspira, e que a instabilidade é importante para a arte... Será?

Enfim, bonito e simples. Um pouco chato no meio, com algumas tremidas de câmera que não escondem o baixo custo da produção, bem verdade, mas com um final muito tocante. Sensível como os tons do violão quebrado do protagonista. Gostei!
O outro que eu vi na sequência eu achei meio forçado. Lembrou tanto o estilo de Buenavista que ficou forçado. Não que o tango não tenha força, dramacidade, história e importância. Ao contrário. Tem tanto que merecia algo mais original, mais forte. Para falar de tango prefiro "Assasination Tango" ou então o cego dançando no outro filme: "hoo-hah".

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segunda-feira, maio 05, 2008

Assassinaram o Camarão

Primeiro o limão só pra ´limpar´. Não caia na tentação e jogue esse primeiro caldo fora depois de descansar alguns minutos. Depois que vem um moído de pimenta branca, gergelim e tudo mais o que mais quiser. Uma cachacinha também cai bem pra marinar o camarão. Alho, louro e gengibre também. Ah! Sal...

Depois é moleza. Yogurte no liquidificador com o Hondashi (é um caldo de peixe) já disolvido em um pouco de água morna e o curry, que tem que ser dos bons! Refoga os camarões só pra dourar e tira. Aí vem a cebola picadinha. Pode por um pedacinho de nada de dedo de moça, mas com cuidado porque já tem o curry e a pimenta branca... Volta com os camarões e a gororoba do liquidificador. Um pouco de maisena disolvida pode ser necessária pra engrossar. No final, leite de côco. Deve ficar bom com salsa e cebolinha. Talvez um pouco de pimentão.

Pra acompanhar, arroz branco ou arroz de jasmim (feito no chá de jasmim, sem mais nada).

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