quarta-feira, setembro 23, 2009

Mera consequência

Seguindo a linha "isso é importante de verdade", bons momentos recheados dos resgates (esses mesmos em pauta tão frequentemente nas últmas publicações dessa parede pixada) vieram mais uma vez por acaso. Talvez não tão por acaso assim. O cartaz já me passava alguma coisa nesse sentido. Não sei explicar direito o porque. Mas me passou.

Filmaço. Se fosse escolher já encerrava o ano com esse. Tema importante abordado de forma simples, despretensiosa. Muita poesia, fotografia e sonoridade. Obra prima.
A história em sí não tem a menor importância. O importante, como na vida, é como as coisas são encaminhadas ao longo dela. O que acontece ou deixa de acontecer, como na vida, é mera consequência. O carinho, as relações humanas, o amor, a atenção, como na vida, é que fazem as coisas valerem. O se meter no que não é chamado, quando com boa intenção, vale. A vontade, vale. O trabalhar, ajudar, vale. O querer acertar, como vale.
O amor pela vida faz toda a diferença. O saber viver faz toda a diferença. Sorrisos valem. A alegria de viver, por mais piegas e cafona que possa parecer para os intelectuais depressivos, vale. E como vale.
Mesmo que nada possa ser mudado, mesmo que tudo se mantenha, mesmo que o destino esteja fatidicamente traçado, o caminho já é o suficiente. O caminho por sí só já faz valer viver. Mesmo que no final seja preciso dizer Goodbye (e quando não é?).

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Welcome to the jungle

"Psychico spies from China, Little girls from Sweden and lots of dreams of silver. In the Edge of the world, The sun may rise. If not at least it settles!

Pay your surgeon to break the spells... First born, hard core, soft porn, Dream of, Dream of...

Marry me girl, be my very own constellation. Be my teenage bride with a baby inside, buy me the final frontier."

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segunda-feira, setembro 07, 2009

O Importante (ou Feliz, ou Essências, ou Valor, ou o óbvio: Pés no chão)

Café da manhã posto na mesa, cheiro morno do pão passeia no ar,
calda derrama, roupa manchada, vai ser mais motivo de velha risada,
fala vai fácil e vem da cozinha, há sempre argumentos sem reclamação.
Ordem posta na casa, pés pisando no chão.

Dez dedos ariscos na sala, passeiam pelo violão,
uns poucos acertam o ritmo, outros tantos perdem o tom,
cantigas de campo e boas toadas, cirandas, forró, e um velho baião.
Pouca gente reunida, pés pisando no chão.

Voam os primeiros versos, às vezes esquecidos no porão,
papel apagado e memória curta, fazendo frases sem conexão,
mais risadas, chacotas, piadas, ningém leva pela contramão.
Verde viento. Verdes ramas, pés pisando no chão.

Lá fora orvalho, avós e crianças, calças molhadas, sentadas na grama,
jabotiacaba no pé, amoras na terra, sobram goiabas e algumas pitangas,
se faz o silêncio, olhos abertos, voa o canário, "descobrimos o ladrão".
Sorrisos desconcertados, pés pisando no chão.

Pés pisam no chão, pés simples, firmes.
Pés pisam no chão, levam o filho pra escola.
Pés pisam no chão, caminham pela feira molhada.
Pés pisam no chão, "bom dia camarada".

Pés pisam no chão, fazem o próprio caminho. Andam nas mesmas sandálias. Sandálias velhas. Surradas. Firmes. Previamente experimentadas. Seguindo exemplos, trilhas não necessáriamente faladas. Sandálias que aprenderam o que deve ser ensinado. Certamente escorregaram, porém mais firmes ficaram.

Pés pisam no chão. Pés correm pelo chão. Firmes. Pés pisam no chão.

E as asas se abrem para o infinito da vida.

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