sábado, maio 02, 2009

Filosofia barata

-Pois é. O homem está condenado a ser livre...
-Não se cansa de ficar parafraseando famosos?
-Claro que não. É única forma que ainda encontro de te impressionar.
-Não me vendo tão baratinho não meu querido. Gosto de originalidade. Qualquer um encontra citações de Nietzsche nos sebos.
-Sartre. Foi na Internet.
-Whatever, aposto que você nem sabe soletrar.
-Dáblio, hagá, á, tê...
-Nietzsche... Nietzsche...
-Não sei falar alemão. Me ensina?
-Você sabe que eu não sei... Mas isso comprovou minha teoria!
-Tudo que sei é que nada sei... Mas em tempos de Google soletrar não é vantagem nenhuma...
-Lá vem você de novo com seu conhecimento barato...
-E você com seus cursinhos pseudo-intelectuais do Parque Lage. São metidos, mas tenho que confessar que te acho mais sexy com eles.
-Não tenho essa pretensão.
-Pois é. Mas voltando às vacas frias, porque você fez aquilo então?
-Já te disse! Não pretendia. Sei lá, minha gama de escolhas era muito vasta! Não sabia como me decidir. Fui meio que forçada.
-"Meio que"... Sei... Escuta: É melhor vencermo-nos a nós mesmos do que ao mundo.
-Ridículo! Ser pernóstico não pertencia ao rol dos seus defeitos. Qual livro do Sartre você está lendo? Que saco!
-Obrigado pelo elogio. Palavras bonitas. Pernóstico, rol. Vou olhar na Internet pra ver o que significa. E é Descartes...
-Que seja! Só sei que não foi culpa minha. Foi tudo armação dele!
-Quando um dedo aponta para frente, outros três apontam de volta para trás...
-Essa é de auto ajuda!
-Mas é boa do mesmo jeito.
-...
-...
-É... Dessa vez você tem razão.
-Sempre.
-Convencido! Outra boa pra isso é: O importante não é aquilo que fazem conosco, mas o que nós fazemos com aquilo que fazem conosco. Essa é de Sartre também...
-Excelente! Profundo! Cursinho de existencialismo humanista é?
-Sim.
-Com aquele professor esquisito?
-Pois é. Aquele velinho. Até conversei com ele sobre isso...
-Ele é baitola. O que ele disse?
-Quanto preconceito babaca... Ele falou uma coisa muito legal. Acho ele muito inteligente... Eu jamais conseguiria pensar daquela forma...
-O que ele disse afinal?
-Que eu não devia condenar, pois não tinha maturidade. Mas falou de uma forma bacana.
-É fácil para um jovem, que não teve tempo de fazer o mal, condenar.
-Como assim? Você tava lá? Como você escutou? Tá me seguindo agora é?
-Não querida, não... Foi a Rainha Clitemnestra. As Moscas, primeiro ato, cena quatro.
-Shakespeare?
-Sartre, de novo.
-Desisto, você venceu! Uma cerveja?
-Só tem chopp. Desce dois. Desce mais. Pede uma porção de batata frita!
-Essa eu sei! Evandro Mesquita, Guto, Barreto e Zeca Mendigo. Blitz!

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Mudanças e andanças

Deixar para trás, para o passado. Levar as coisas boas, as experiências e as lembranças. Mas como diz a minha tia, largar algumas coisas para poder pegar novas. Acrescento: interromper ciclos para nos libertarmos de repetições que nos acompanham por toda nossa vida.

Foi bonito ver, no meio de tanto caos, sorrisos brancos renascendo dentro das paredes amarelas.

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