segunda-feira, setembro 07, 2009

O Importante (ou Feliz, ou Essências, ou Valor, ou o óbvio: Pés no chão)

Café da manhã posto na mesa, cheiro morno do pão passeia no ar,
calda derrama, roupa manchada, vai ser mais motivo de velha risada,
fala vai fácil e vem da cozinha, há sempre argumentos sem reclamação.
Ordem posta na casa, pés pisando no chão.

Dez dedos ariscos na sala, passeiam pelo violão,
uns poucos acertam o ritmo, outros tantos perdem o tom,
cantigas de campo e boas toadas, cirandas, forró, e um velho baião.
Pouca gente reunida, pés pisando no chão.

Voam os primeiros versos, às vezes esquecidos no porão,
papel apagado e memória curta, fazendo frases sem conexão,
mais risadas, chacotas, piadas, ningém leva pela contramão.
Verde viento. Verdes ramas, pés pisando no chão.

Lá fora orvalho, avós e crianças, calças molhadas, sentadas na grama,
jabotiacaba no pé, amoras na terra, sobram goiabas e algumas pitangas,
se faz o silêncio, olhos abertos, voa o canário, "descobrimos o ladrão".
Sorrisos desconcertados, pés pisando no chão.

Pés pisam no chão, pés simples, firmes.
Pés pisam no chão, levam o filho pra escola.
Pés pisam no chão, caminham pela feira molhada.
Pés pisam no chão, "bom dia camarada".

Pés pisam no chão, fazem o próprio caminho. Andam nas mesmas sandálias. Sandálias velhas. Surradas. Firmes. Previamente experimentadas. Seguindo exemplos, trilhas não necessáriamente faladas. Sandálias que aprenderam o que deve ser ensinado. Certamente escorregaram, porém mais firmes ficaram.

Pés pisam no chão. Pés correm pelo chão. Firmes. Pés pisam no chão.

E as asas se abrem para o infinito da vida.

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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Tão lindo...

BJ da BUJA!

10:23 PM  

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