quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Viva os metais

Muitos Neros (ou seriam Caesares?) e Brancas de Neve depois, a música mais cantada pelas ruas desse carnaval carioca vem cheia de rancores. Não gosto:

"Chora não vou ligar
Chegou a hora (...) pode chorar
É, o teu castigo, Brigou comigo, Sem ter porque
Eu vou festejar, vou festejar(...)"

Muito melhor a outra que puxamos várias vezes no pandeiro e que todo mundo adora (muito manjada em final de festas de colação de grau - Déjà vu):

"E a vida o que é diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão, ê ô

Ela é maravida ou é sofrimento
Ela é alegria ou lamento
O que é, o que é, meu irmão

Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo
É uma gota é um tempo que nem dá um segundo
Há quem fale que é um divino mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida e viver
Ela diz que melhor é morrer pois amada não é
E o verbo é sofrer
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der ou puder ou quiser
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza da resposta das crianças
É a vida, é bonita e é bonita

(...) eu sei, que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita
"

Carnaval. Festa, folia. Por mais que haja mais de mil palhaços no salão, o carnaval faz feridas cicatrizarem - álcool é cicatrizante? (e as palhaçadas perderem a graça... já vi isso acontecer). Faz as esperanças renovarem-se (claro que minha mãe não podia ser tão mentirosa... e ainda perdi meu chapéu!). Faz os hormônios ferverem (ou freverem?) Mesmo que o astral não esteja bom, faz fichas caírem. Faz a vida andar. Faz a avenida cantar: "Ah, quantas lágrimas eu tenho derramado, Só em saber que não posso mais reviver o meu passado. Eu vivia cheio de esperança e de alegria, eu cantava, eu sorria mas hoje em dia eu não tenho mais, a alegria dos tempos atrás. Só melancolia os meus olhos trazem, ai quanta saudade a lembrança traz...."

Carnaval melancólico, mas sempre chega a terça feira gorda com força de último dia. Nem só de melancolia se vive na festa da carne. Ainda bem que eu aprendi inglês quando era criança. Ainda bem que o mundo é bizarro. E a tristeza vai embora:

"Tristeza, por favor vá embora
Minha alma que chora
Está vendo o meu fim
Fez do meu coração a sua moradia
Já é demais o meu penar
Quero voltar à aquela vida de alegria
Quero de novo cantar"

Até frevo escutou-se em Laranjeiras. Muito bom. Atrás dos bonecos de Olinda encontrei um pernambucano amigo, dentre muitos, e ainda usei o telefone celular algumas vezes - a conta virá cara...- pra compartilhar algo que talvez não tenha sido tão compartilhado como eu desejava... mas a vida é assim mesmo.

De Olinda ficaram lembranças inesquecíveis, agri doces (engraçado como o meu inconsiente trabalha bem...): "Olinda, quero cantar a ti, esta canção... Teus coqueirais, o teu o sol, o teu mar, faz brilhar meu coração, de amor, a sonhar, minha Olinda sem igual, salve o teu carnaval". Quem sabe não existirão outros carnavais... No Rio, em Olinda...

E vivas aos metais!

Marcadores: