quinta-feira, maio 17, 2007

Feira de Mangaio

É um tema recorrente. Não sei porque incomoda tanto se é tão comum. Talvez seja eu um mal vendedor, ou talvez esse tipo de atitude mostre algumas características com as quais não sei lidar. Caracteríscicas de ser humano, mas que eu não gosto e prefiro não lidar. Fuga? Talvez.

Por falar em ser humano, tem coisas que se você vê alguem fazendo, você para e pensa: "Não. Não é coisa de ser humano. É coisa de Anjo. Mas pera aí... Ele é o Ghandi? Ah... já sei... É aquela senhora de Calcutá!... mas ele nem usa saia..."

Uma fábula me vem a cabeça, bastante citada por um personagem que eu admiro muito e que foi e ainda é muito importante para nossa sociedade. Muito romântica e bela sob sua interpretação e de forma alguma tenho críticas à sua forma de lê-la. Ao contrário. Admiro-a muito.

A minha forma de ver é que é um pouco distorcida/deturpada. Sei que "houve um incêndio na floresta e enquanto todos os bichos corriam apavorados, um pequeno beija-flor ia do rio para o incêndio levando gotinhas de água em seu bico. O leão, vendo aquilo, perguntou para o beija-flor: 'Ô beija-flor, você acha que vai conseguir apagar o incêndio sozinho?' E o beija-flor respondeu: 'Eu não sei se vou conseguir, mas estou fazendo a minha parte'.".

Vamos aos fatos. O Beija-flor nunca conseguiria apagar o fogo sozinho. Ele fez uma jogada de marketing, acima de tudo pessoal. Nada contra isso, mas durante um incêndio... Sua eficácia teria sido muito maior caso ele tivesse aproveitado sua agilidade no ar e sua presença de espírito (sim, ele é um passaro que chama a atenção) para ir em busca dos elefantes, convencendo-os a marchar até o lago e soprar toneladas de água com suas trombas. Foi burrice/afobação dele? É fácil perceber as coincidências: Logo o leão, "le roi des animaux", foi quem viu o heróico pássaro a se "sacrificar"...

Ponto de vista muito doente? Talvez...

Não é uma crítica à solidariedade, mas uma visão diferente sobre a fábula. De burro o Beija-flor não tem nada. Romântico/sensível, sinceramente, ele não me parece, afinal quando precisa ele devora insetos de forma cruel com seu bico afinado. Quais suas verdadeiras intenções? Nenhum passarinho pode salvar o mundo sozinho. É muita pretensão e arrogância achar isso. É muita propaganda pessoal, feita em hora errada.

No fim das contas, só sei que de tudo se encontra naquela vendinha do canto da rua.

(Eu sei que estou muito otimista hoje. Deve ser a chuva.)